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Hábito: Moedas no “cofrinho”

Hábito: Moedas no “cofrinho”

cofrinho 02032017

Hábito: Moedas no “cofrinho”

Um terço das moedas do país está em cofrinhos
O hábito dos brasileiros, de encher cofrinhos, tira de circulação um terço das moedas emitidas no país por ano. Para desespero de comerciantes, caixas e cobradores de ônibus, a população guarda até 7,4 bilhões de unidades que deveriam estar no mercado, facilitando o troco e viabilizando transações. As medidas para driblar a falta de moedas passam pela compra com ágio, apelo aos clientes e até recompensas para os consumidores que pagam com o dinheiro de metal. Para piorar, o custo de produção das moedas é maior do que o das cédulas e, na maioria delas, o valor de face não paga o gasto com a confecção.

Nos mercados menores, distantes de bancos, é comum ter cartazes pedindo por troco e até oferecendo dinheiro para compra. Em Tamandaré (PE), um estabelecimento oferece 3% a mais para quem estiver disposto a trocar moedas por papel. Na capital federal, o supermercado Veneza precisa apelar ao bom senso dos clientes. No microfone, o fiscal de loja Sebastião Batista, de 24 anos, implora para que quem tem cofrinhos leve as moedas para trocar nos caixas e ajudar no atendimento.
O gerente do estabelecimento, Evantuir Ramos, 48, explica que não basta ir ao banco para conseguir troco. “Muitas vezes, o banco também não tem. A gente precisa fazer um agendamento para as trocas. Não é fácil”, alerta. Outro problema, ressalta, é quando saem moedas comemorativas, como na época das Olimpíadas. “A situação fica ainda mais crítica. As pessoas colecionam”, diz.

O quadro poderia ser ainda pior, mas, atualmente, 70% das compras são feitas com cartões. O caixa Kairo Noleto, 18, conta que a saída é arredondar, às vezes para cima, outras para baixo. “Mas os clientes reclamam. Acham que o mercado lucra com isso. Só que tem dias que fecho com menos dinheiro, outros com mais. Faço um fundo de caixa porque sempre vou precisar arredondar”, conta. Kairo revela que muitas pessoas nem sequer se esforçam para facilitar o troco. “Aí quando veem que preciso trancar o caixa e sair para conseguir moedas, é que elas começam a olhar nos bolsos”, reclama.

Não é o caso do motorista Benjamin Bispo de Miranda, de 47 anos. Consciente, ele, que sempre compra com dinheiro, não guarda moedas em casa. “Eu ando com elas no bolso. Sei da dificuldade que é fazer troco, então faço minha parte. Moeda é para circular”, ensina.

Pesadelo
Pois é na circulação de passageiros, todos os dias, que o problema se agrava. Com tarifas quebradas, de R$ 3,50 e R$ 4,95, as moedas são o pesadelo dos cobradores de ônibus. “O pessoal tem que se virar porque nem a arrecadação tem o suficiente para distribuir”, conta a assistente de Arrecadação da empresa de transporte coletivo Piracicabana, Cleide das Graças Oliveira. Ela diz que os cobradores trocam entre eles, na virada dos turnos, apelam aos passageiros e até guardam de um dia para o outro.
A falta de moedas acabou até mesmo com um tipo de comércio muito comum, as lojas de R$ 1,99. O dono da Casa Melo Presentes, Victor Hugo Melo, de 23 anos, afirma que precisou abolir o valor depois que a Casa da Moeda parou de emitir as de R$ 0,01. Embora elas tenham validade até hoje, deixaram de ser produzidas em 2004 e sumiram de circulação. “Nós arredondamos os preços, mesmo assim é difícil. Nos faltam, principalmente, as de R$ 1 e R$ 0,50”, assinala.

O comerciante explica que muitos consumidores compram, com notas grandes, mercadorias de baixo valor só para trocar o dinheiro. “Isso atrapalha demais o nosso negócio. Temos que apelar aos clientes mais fiéis. Eu, casualmente, estou com o porta-moedas cheio hoje porque um deles abriu o cofrinho e trocou o dinheiro na nossa filial em Taguatinga. Aí eu trouxe um pouco para cá”, diz, organizando a nova unidade, no Sudoeste.

Entesouramento
O Banco Central (BC) explica que esse fenômeno de guardar moedas em cofrinhos, gavetas ou no carro, chamado “entesouramento”, ocorre no mundo inteiro. Estudos da instituição apontam que os brasileiros entesouram 7,4 bilhões de moedas. A autoridade monetária admite, no entanto, que a produção de numerário foi impactada, desde 2014, pela “necessidade de redução da despesa pública” no âmbito federal. Mas ressalta que “a área técnica tem envidado esforços para administrar os estoques disponíveis com a finalidade de atender de forma mais equânime possível às demandas”.

Em 2016, o BC disponibilizou 761 milhões de novas moedas, volume 11% superior a 2015, quando foram 685 milhões de unidades. “Em 2017, já foram disponibilizadas mais 86,7 milhões de moedas, alcançando 119 moedas por habitante”, explica, por meio da assessoria de imprensa. Existem em circulação 24,68 bilhões de unidades de moedas ou R$ 6,23 bilhões em valor, o que corresponde a uma disponibilidade per capita de R$ 30.

Falta de hábito
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alerta que estudo do BC mostra que as moedas acumuladas representaram 32% do total emitido em 2015. Atualmente, o estoque de moedas existente no mercado corresponde a 100 unidades para cada habitante, números equivalentes à média internacional, destaca a entidade. Entretanto, usar moedas não é hábito dos brasileiros, diferentemente do que ocorre em outros países em que é comum o maior pagamento e recebimento de moedas metálicas.
O diretor de operações da Febraban, Walter de Faria, explica que o hábito de guardar e não usar moedas é um resquício do período de inflação alta. “O dinheiro perdia valor muito rapidamente e, por isso, as moedas eram menosprezadas”, diz. Após a estabilização do real, no entanto, as moedas esquecidas na bolsa ou na gaveta podem ser suficientes até para pagar pequenas contas. “É importante que as pessoas se sensibilizem sobre o valor que elas têm e sobre a importância também das cédulas de pequenas denominações. Elas precisam circular no mercado, pois facilitam o troco no comércio e reduzem as despesas do governo com novas emissões de dinheiro”, explica o executivo.

Para quem possui o saudável hábito de economizar, o diretor de Educação Financeira da Febraban, Fabio Moraes, orienta que não é preciso abrir mão da poupança diária para ajudar na circulação de moedas. O diretor aconselha que se abra o cofrinho com frequência para a troca de moedas poupadas por cédulas de maiores denominações. Outra sugestão do executivo é que se faça uma aplicação com o montante guardado. “Além de ajudar o sistema financeiro a colocar moedas em circulação, você também faz o seu dinheiro render, ao colocá-lo em uma aplicação financeira em vez de mantê-lo parado em casa, perdendo valor”, sugere.

Iniciativa
O Banco Central considera relevantes todas as iniciativas que levam à conscientização da população sobre a importância de as cédulas serem preservadas e as moedas, postas em circulação. “Mostraram-se exitosas experiências como a do Metrô de São Paulo, que desenvolveu uma campanha de comunicação e instalou máquinas “Cata Moedas” nas estações, incentivando a compra de bilhetes com moedas e dinheiro trocado e estabelecendo pontos para a realização da troca”, ressaltou a assessoria da autoridade monetária.

Importação de dinheiro
Responsável pela fabricação de cédulas e moedas, a Casa da Moeda do Brasil (CMB) passou por um revés na semana passada. A Medida Provisória nº 745, editada em 15 de setembro de 2016 e sancionada pelo presidente Michel Temer, que autoriza Banco Central a adquirir papel-moeda e moeda metálica fabricados fora do país por fornecedor estrangeiro, foi aprovada pelo Congresso Nacional. Nesse contexto, o Banco Central (BC) adquiriu, em 2016, 100 milhões de cédulas de R$ 2 de um fornecedor estrangeiro. O custo foi cerca de 20% inferior ao custo pago pelo à CMB, conforme o BC.

Na Casa da Moeda, no entanto, a explicação é de que há capacidade de produção. O que ocorreu, no ano passado, foi um atraso no Plano Anual de Produção (PAP), que só teria sido encaminhado em maio. Mesmo assim, a instituição operou em três turnos para conseguir entregar o montante de numerário solicitado pelo BC. Em 2017, o PAP ainda não foi encaminhado e pode gerar novos atrasos, porque a Casa da Moeda é uma estatal, submetida ao processo licitatório e demorado comum no setor público.
A assessoria da CMB informa que a capacidade produtiva é de 18 milhões de moedas por dia, 850 por minuto, e que é “completamente autossuficiente”. A indústria fornecedora de matéria-prima, inclusive, exporta para outros países.

Na opinião de especialistas, a decisão da MP foi política em função dos casos de corrupção na Casa da Moeda. Em junho do ano passado, a Polícia Federal deflagrou a Operação Esfinge para investigar fraudes em contratos que movimentaram mais de R$ 6 bilhões, incluindo uma licitação da Casa da Moeda. Segundo a PF, estima-se que, em propinas, foram pagos R$ 70 milhões.
Apesar de a CMB produzir cédulas e moedas, o Banco Central é o responsável pelo gerenciamento do ciclo do numerário no país. Parte do total é distribuído ao Banco do Brasil, que detém a custódia para fazer o atendimento aos bancos comerciais, trocas, saques e depósitos. Outra parte é mantida com o BC para o controle e regulação do meio circulante e administração do estoque.

Conforme o BB, o Banco Central efetua a supervisão, por meio de fiscalizações e de monitoramento dos fluxos e das demandas dos bancos comerciais. “Todos os bancos têm a obrigação de sanear o meio circulante (retirar as cédulas e moedas imprestáveis à circulação) fazendo chegar ao BC o dinheiro que não tem mais condições de circular. E também de atender à população em sua necessidade de troco”, explica o BB. A Caixa Econômica Federal informa que, apesar de não haver legislação que obrigue a troca de moedas por cédulas, faz a substituição para atender às necessidades dos clientes. “A troca é realizada diretamente no guichê do caixa nas agências”, diz, em nota.

» Em casa
Brasileiro costuma guardar moedas e tira de circulação mais de 30% do que é emitido por ano
» Alguns estabelecimentos pagam ágio para comprar moedas, outro apelam aos clientes ou dão recompensas para quem faz a troca
» Em 2014, o Banco Central reduziu a produção de moedas para cortar despesas
» Em 2015, os bolsos, cofrinhos e gavetas da população brasileira guardaram 7,4 bilhões de moedas, equivalente a 32% do que foi emitido até dezembro daquele ano
» No ano passado, o Banco Central disponibilizou 761 milhões de unidades de novas moedas, volume 11% superior a 2015, quando entraram em circulação 685 milhões de unidades
» Este ano, foram disponibilizadas 86,7 milhões de moedas, alcançando 119 moedas por habitante
» Existem em circulação 24,68 bilhões de unidades ou R$ 6,23 bilhões em valor, o que corresponde a R$ 30 per capita em moedas
» O BC é responsável pelo gerenciamento do ciclo do numerário no país, que se inicia pela aquisição e retirada do dinheiro da Casa da Moeda
» Parte do total é distribuído ao Banco do Brasil, que detém a custódia do dinheiro e faz o atendimento aos bancos comerciais, promovendo as trocas, saques e depósitos
» A Casa da Moeda tem capacidade de produzir 18 milhões de moedas por dia ou 850 por minuto
» O custo de produção das moedas é mais alto do que das cédulas. Enquanto o dinheiro de metal custa, em média, R$ 0,36, o de papel sai por R$ 0,26 em média   Fontes: Banco Central, Banco do Brasil, Federação Brasileira de Bancos e Casa da Moeda   

(Fonte: Simone Kafruni – Correio Web)

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