Economizar dinheiro é uma prática quase incomum no Brasil. De acordo com o PoderData, divisão de pesquisa do jornal digital spacemoney.com.br/tags/poder-360/”>Poder 360, apenas 40% da população brasileira teria R$ 200 disponíveis para uma emergência. E, entre aqueles que responderam ter esse valor, 55% afirmaram que não poderiam arcar financeiramente com um imprevisto acima desse patamar.
Ainda segundo o levantamento, a faixa etária é um fator preponderante nesse caso: enquanto 70% dos pesquisados até 24 anos não contavam com uma reserva de R$ 200 para emergências, entre os maiores de 60 anos, mais da metade (59%) teria os recursos à mão para um momento de necessidade.
Esse “descaso” dos mais jovens com a disciplina financeira, porém, pode estar começando a mudar. Desde 2020, a professora da Progress Educacional, programa de educação financeira, Ana Fátima de Carvalho, coordena a implantação de um curso de educação financeira para o ensino fundamental. Segundo ela, que a partir desta semana é nova colunista da SpaceMoney sobre educação financeira nas escolas, o objetivo do novo currículo é auxiliar os alunos a organizar suas finanças, como utilizar o dinheiro de forma consciente e fornecer dicas como investir
“Os pais têm papel central na educação financeira dos filhos”
Segundo Ana Fátima, outros projetos de educação financeira já surgiram no passado, mas o conteúdo não ganhava amplitude fora das instituições de ensino. Essa ausência de diálogo com o mundo externo, afirma, interferia na eficácia do programa estudantil.
“Nossos projetos ficavam voltados para a sala de aula. Hoje entendemos que a amplitude é que gera, de fato, mudanças de comportamento para que crianças e adolescentes estabeleçam diálogo com seus pais para que falem das questões financeiras familiares e para entenderem como que projetamos o futuro”, aponta Ana Fátima.
Para a professora, é fundamental a presença dos pais no processo de aprendizagem, apostando no diálogo como uma ferramenta necessária para que haja aplicação da matéria no cotidiano.
“Nós entendemos que os pais serão participantes deste programa (educação financeira nas escolas) e deixamos isso muito claro que é importante estabelecer diálogo. Educação financeira vai muito além do dinheiro”, aponta.
Ana Fátima reconhece que, no passado, o “erro” do conteúdo era apenas contextualizar e não ampliar o alcance do programa de educação financeira entre os familiares em outras práticas da rotina do estudante. Segundo a professora, a nova fase do projeto da disciplina nas escolas não abordará apenas questões teóricas ou técnicas, como anteriormente, mas será uma disciplina que engloba questões psicológicas e práticas que vão interferir na vida do cidadão.
“Nós temos algumas premissas e não abrimos mão delas. Primeiro, é preciso entender que o curso tem um começo, um meio e um fim. Então, não é só mais um projeto, é um programa que uniu todas as questões fundamentais, das competências emocionais e de inteligência financeira.
E para quem não está mais na escola e quer colocar a vida financeira nos trilhos? A educadora de finanças pessoais Carol Stange traz algumas dicas.
Ter consciência dos gastos é o único caminho
Para colocar as finanças em dia é necessário ter consciência dos seus gastos, deixando de lado comportamentos comuns, como não querer abrir a conta bancária após um dia de gastos excessivos. Essa é a dica de ouro que Carol Stange dá para quem quer ter disciplina financeira. Segundo ela,não existe outro caminho para ter consciência dos gastos se não for por um mapeamento de despesas, que nada mais é do que um registro de suas finanças.
“Não tem como fugir do mapeamento das despesas. Só conseguimos colocar nossa financeira nos eixos quando sabemos dos nossos números, ter consciência de quanto gastamos e para onde nosso dinheiro está indo”, afirma Carol.
Contudo, para muitas pessoas, anotar tudo que ganha e que gasta no dia a dia parece um grande desafio. É muito comum a indicação de aplicativos, dicas de planilha, programas de computador e diversos sistemas para que uma pessoa se organize financeiramente. No entanto, a ferramenta utilizada é o aspecto menos importante, ressalta Carol. A questão em jogo, diz ela, é ter consciência de seus gastos, e, segundo a educadora financeira, isso deve ser feito através de um método simples.
“A ferramenta é a que menos importa. A melhor [ferramenta] que existe é aquela que funciona e não atrapalha a rotina da pessoa. Se algum aplicativo for indicado para quem não tem afinidade com ferramentas digitais, não vai funcionar. Se indicarmos uma planilha para quem não gosta desse tipo de organização, também não vai funcionar. A melhor [ferramenta] é a que se encaixa na vida da pessoa e que entra de forma simples na sua rotina”, ressalta.
Além de apontar a importância do conhecimento dos gastos de forma simples, Carol também aponta que o investimento está atrelado à organização financeira. De certa forma, a disciplina proporciona a oportunidade para a pessoa investir seu dinheiro da maneira correta. Contudo, o investimento deve tornar-se a prioridade, não algo que pode ser feito quando der.
“A disciplina é essencial para qualquer plano, seja qual for o âmbito. O grande segredo está na inversão da ideia de que é preciso esperar sobrar recursos para investir. Os investidores disciplinados e, por consequência, de sucesso, fazem o inverso: assim que recebem o salário ou outros recursos, investem uma quantia já pré-determinada e vivem sua rotina com o valor restante. Essa é a grande sacada para quem precisa investir com disciplina”.
Mas como ter disciplina para alcançar os objetivos?
Segundo as declarações da educadora financeira Carol Stange, ficou claro que não existe uma forma certa de economizar dinheiro. Com o passar do tempo, cada pessoa vai desenvolvendo seus métodos de poupança e começar a investir. Todavia, dados divulgados pelo Acordo Certo revelaram que 50% das 1,5 mil pessoas entrevistadas pela fintech não fazem ideia de como poupar. Diante desse cenário, alguns produtos financeiros que podem não ser a primeira escolha de investidores experientes servem como trampolim para transformar hábitos de quem está iniciando nos investimentos e quer alcançar seus objetivos. Como o consórcio, por exemplo.
O instrumento consolidou-se no mercado como um auto-financiamento para as pessoas adquirirem bens materiais, como imóveis, automóveis e etc. Essa organização junta diversas pessoas que pagam uma parcela mensal em busca de um objetivo, e, automaticamente, estão poupando dinheiro por meio de um compromisso emitido por alguma organização. É como se transformassem o hábito de poupar em um “boleto”, como as outras contas do mês.
Alexandre Gomes, sócio fundador da Consorciei, aponta que o consórcio pode ser uma forma para as pessoas pouparem seu dinheiro, tendo em vista que economizar tornou-se um grande desafio para o brasileiro.
“Atualmente, muitas pessoas têm uma tremenda dificuldade de poupar o dinheiro para conseguir algum objetivo. O consórcio nada mais é do que poupar o dinheiro. Através do consórcio, a pessoa se vê na obrigação de poupar todo mês. Uma das características mais importantes é essa capacidade das pessoas pouparem”, afirma Gomes.
Contudo, o sócio fundador da Consorciei também ressalta que o objetivo principal do consórcio é para que as pessoas adquiram algum bem financeiro, não de aplicações financeiras. Caso o objetivo de um investimento financeiro seja adquirir um imóvel ou automóvel, esse tipo de poupança pode tornar-se atrativa ao consumidor.
“O consórcio é uma alternativa para adquirir alguma coisa, não para investir dinheiro. Hoje, o coração do consórcio são imóveis e automóveis, mas a maior, a taxa de crescimento é em eletrodomésticos e serviços como viagens, formaturas e casamentos”, explica.
(Fonte: Space Money)
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