Pense na sua infância. Você lembra de ouvir algumas dessas frases dos seus pais, avós, tias da escola ou outros adultos? Chamo essas pessoas de “polícia da comida”. Suspeito que você tenha encontrado várias delas ao longo da vida:
• “Muito bem, comeu tudo.”
• “Ótimo, raspou o prato.”
• “Vamos, coma tudo – tem crianças passando fome na África.”
• “Só uma bocada — não vai te matar.”
• “Se você não comer cenoura não vai enxergar no escuro.”
• “Se não terminar o prato não tem sobremesa.”
• “Não coma isso agora, você vai ficar sem fome para jantar.”
• “Só mais uma colherada e você pode tomar sorvete.”
• “Que menina linda, ela tem um apetite saudável.”
• “Você não vai levantar da mesa enquanto não terminar de comer.”
• “Se você não comer vai direto para o quarto e vai ficar com fome.”
• “Você não sabe a sua sorte – tem crianças passando fome na África!”
Eu era uma menina comportada. Comia de tudo, não era enjoada. Raspava o prato e raramente jogava comida fora, o que rendia elogios. Minha autoestima estava em boa parte associada a “comer bem”. Sentia orgulho disso e, portanto, me sentia bem. Já deu para perceber onde a história vai parar?
Avance uns 30 anos e hoje em dia tenho dificuldades para controlar minha alimentação. Quando estou triste ou estressada, como para me sentir melhor, exatamente o que fazia quando era criança. Também demorei anos para superar a culpa de deixar comida no prato. Finalmente resolvi a questão do desperdício criando galinhas: elas comem as sobras dos pratos. Mas ainda sinto culpa quando desperdiçamos comida e não estamos em casa.
Demorou muito mais tempo para resolver a comilança emocional. Sou adulta e sei de onde vêm minhas questões com comida, mas elas são muito difíceis de superar. O primeiro passo é ter consciência delas… e, acima de tudo, aprender a não passá-las adiante para meus filhos.
(Fonte: HuffPost Brasil)
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