Relatos dão conta de que, certa vez, Buda e seus seguidores se puseram a meditar em um pomar repleto de mangueiras. Daí o fruto ter ficado associado a paz e felicidade. Mas a manga também está relacionada com o alívio, especialmente para aqueles que sofrem com a constipação intestinal, encrenca que atrapalha a vida de 26% da população. Nesse caso, quem conta a história é a ciência.
Em uma das pesquisas mais recentes, uma equipe da Universidade Texas A&M, nos Estados Unidos, recrutou pessoas que penavam com o problema para testar os efeitos do alimento. A experiência mostrou que o consumo de 300 gramas da fruta por dia, ou uma unidade média, ajudava a combater a prisão de ventre.
Além de ela aumentar as visitas da turma ao banheiro, exames revelaram mais efeitos bem-vindos ao intestino. Foi constatada uma ação anti-inflamatória, por exemplo. Aliás, esse potencial aparece em outros estudos desse grupo americano, inclusive com resultados expressivos em indivíduos com a doença de Crohn, distúrbio marcado por inflamações no trato gastrointestinal.
Para o nutrólogo Edson Credidio, doutor em ciências dos alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entretanto, ainda faltam dados a respeito. “São necessários estudos maiores para conhecer em detalhes esse impacto sobre a inflamação”, pondera.
Entre os achados, observou-se, também, um estímulo à produção de ácidos graxos de cadeia curta. Essas moléculas estão envolvidas na diminuição do risco de infecções e do aparecimento de tumores na região do intestino.
Quem é ligado aos assuntos da nutrição pode estar imaginando que todos os méritos devem ser creditados às fibras encontradas na polpa doce.
Mas se você já descansou aos pés de uma mangueira sabe que a fruta é mais do que fiapos. Sua receita é uma mistura cremosa e perfumada de vitaminas, minerais e compostos protetores.
Os benefícios da manga para além do intestino
O betacaroteno que tinge o fruto tem potente ação antioxidante. Aliás, esse feito também é obra de outros ingredientes: os polifenóis, sendo que os estudos destacam o ácido gálico, a quercetina e a mangiferina. Juntos, formam um esquadrão apto a combater os radicais livres, moléculas que, em descontrole, elevam o risco de câncer e doenças cardiovasculares.
Por falar em coração, uma pesquisa da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, sugere que comer manga melhora o controle da pressão alta. Compreensível: o vegetal entrega boas doses de potássio, mineral que, entre outras funções, tira de circulação o excesso de sódio, capaz de elevar a pressão.
Mesmo assim, obviamente não é para se empanturrar. “É preciso considerar o hábito alimentar, as preferências e a rotina de cada um”, avalia a nutricionista Silvia Papini.
Há até quem aproveite a casca. “Chama a atenção o conteúdo de minerais, fibras, carboidratos e vitamina C de uma matéria-prima que seria jogada no lixo”, relata a engenheira de alimentos Clarissa Damiani, professora da Universidade Federal de Goiás, que tem criado receitas de geleias, pães e bolos com o ingrediente.
“Mas delícia é comer manga bem madura com farinha-d’água”, diz o nutricionista Francisco Nascimento, da Universidade Federal do Pará. Em Belém, a “cidade das mangueiras”, a espécie também foi escolhida para arborização. “No período de safra, andamos pelas ruas e juntamos os frutos que caem no chão”, conta o professor.
Para quem não tem tal sorte, existem alguns macetes na hora das compras. “Observe a integridade da fruta e se não há presença de mofo ou vazamento de líquidos”, ensina a nutricionista Renata Guirau, do Oba Hortifruti, em São Paulo.
Os aromas também norteiam a escolha. Quanto mais madura, mais intenso o cheiro. Compostos voláteis de nomes estranhos, como alfa-terpinoleno, estão entre os responsáveis pelo perfume, que dá água na boca e faz até a mente vagar por outra dimensão.
(Fonte: Saúde Abril)
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