Meninas com talento e interesse por temas relacionados a tecnologia costumam sofrer com a falta de incentivo para mulheres nessa área – algo que também é comum para outros cursos de exatas. Isso porque precisamos lidar com um senso comum – completamente equivocado – de que nós fugimos dos cursos de exatas e que matemática é coisa de menino. Sabemos que somos tão capazes de lidar com números quanto o gênero oposto, mas as oportunidades e o incentivo ainda não são igualitários.
Em 2016, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação (MEC) publicou um levantamento sobre a participação feminina nos cursos de nível superior. Na época, as mulheres representavam 60% dos estudantes que concluíram os cursos.
No entanto, em relação aos cursos de exatas e ciências, como biologia, engenharias, matemática, química e ciência da computação, a participação das mulheres era de 41%. Outro dado preocupante é que esse índice não aumenta desde 2000.
Para incentivar cada vez mais meninas a se interessarem por essas matérias, conversamos com duas especialistas sobre a participação feminina nos cursos de exatas e separamos 3 motivos para incentivar a sua filha a apostar nesse caminho. Confira:
1 – Contribui para a igualdade de gênero no mercado de trabalho
De acordo com um dado do Fórum Econômico Mundial de 2016, precisaremos de 95 anos para que a situação econômica entre homens e mulheres seja equiparada. Mas isso ainda é um futuro distante e é preciso pensar no que podemos fazer hoje para mudar essa realidade.
“É imprescindível combater a desigualdade de gênero existente nas áreas de tecnologia. A sociedade e o mercado de trabalho estão cada vez mais tecnológicos e essas profissionais precisam ser incluídas nesse novo cenário. Assim, conseguiremos desmistificar o pensamento de que os homens são mais aptos a trabalhar com tecnologia”, pontua Mari Achutt, CEO da Sputnik.
2 – As prepara para a indústria do futuro
Segundo um estudo realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) neste ano, pelo menos 30 novas profissões serão criadas ou ganharão mais relevância no mercado de trabalho por meio da chamada Indústria 4.0, ou a quarta revolução industrial, como também é conhecida. Isso significa que a demanda por profissionais das áreas de tecnologias digitais – como internet das coisas e inteligência artificial – aumentará nos próximos anos.
“Já vivemos essa nova era, em um conceito de indústria que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação. Incentivar as meninas nos cursos de exatas e tecnologia representa inseri-las nessa indústria do futuro”, comenta Ciranda de Morais, fundadora do Movimento She’s Tech, que visa fomentar o trabalho feminino na tecnologia.
3 – Ensina sobre o empreendedorismo e oportunidade de mercado
Outro levantamento recente realizado pelo Serasa Experian, em parceria com a ONU Mulheres, revelou que apenas 17% do total de programadores no Brasil são mulheres. Por mais que a participação feminina nos cursos de exatas tenha crescido, a realidade desse mercado ainda é hostil. Mas, com o avanço das tecnologias e a necessidade de profissionais cada vez mais capacitados, apostar no empreendedorismo pode ser uma boa saída.
“Para enfrentar as dificuldades do empreendedorismo feminino, é preciso que as meninas sejam imersas no mundo da tecnologia e da ciência de várias formas. Isso vai desde ter acesso a brinquedos e incentivos na participação de projetos na escola a serem apresentadas às figuras femininas de sucesso na tecnologia e na ciência, para se espelharem e imaginarem um futuro possível nessas áreas”, ressalta Achutt.
Incentive sua filha a fazer cursos de exatas
Se você não sabe por onde começar a incentivar as meninas da sua família a se interessarem pelas matérias de exatas, saiba que isso é mais fácil do que se imagina. Com pequenas ações no dia a dia, é possível mudar o estereótipo de que essas são matérias difíceis, chatas ou inacessíveis. Você pode, por exemplo, mudar os tipos de brinquedos que se tem em casa.
“Porque as meninas ganham bonecas, fogõezinhos e maquiagem, e os meninos ganham legos, quebra-cabeças e videogames? É importante que as meninas tenham brinquedos que incentivem habilidades em ciências, tecnologia, engenharia e matemática”, questiona Morais.
Para ela, é importante acabar com a ideia de que existem profissões de homens e de mulheres, algo que ajuda a afastar as meninas das exatas e da tecnologia por conta de uma construção cultural.
“Representatividade é muito importante e as meninas devem ter contato com mulheres que estão nessas profissões de tecnologia para que se vejam ali. Por que as meninas querem ser blogueiras ou youtubers? Porque elas veem as mulheres ali. Então, exemplos e representatividade são essenciais”, complementa.
(Fonte: Finanças Femininas)
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