São muitos os argumentos de vendas para convencer você a levar determinado produto pra casa, e um deles costuma chamar muita atenção: parcelas fixas iguais, sem juros. O famoso juro zero.
A definição do preço e as condições comerciais oferecidas para a compra são decisões da empresa e cabe ao consumidor avaliar se tudo isso faz sentido diante de sua realidade financeira.
A proposta é sempre apresentada de forma tentadora: “O preço do produto é R$ 3.000,00, mas temos uma oferta por tempo limitado em que você paga em 10 vezes iguais, sem juros, de R$ 300,00”. Só mais um dia comum na hora de comprar, certo? Nem tanto.
Quando eu digo “Nem tanto”, quero dizer objetivamente que juro zero não existe, e vamos explorar esta questão juntos no texto de hoje. Inflação, negociação e o Custo Efetivo Total são pontos que precisam ser observados com cuidado e compreendidos por completo para não trazer problemas no orçamento familiar.
Juro zero não existe: tudo muda, o tempo todo
Volte alguns anos no tempo e tente se lembrar de quanto você pagou em algum item significativo que comprou. Naturalmente, o preço deste item deve ser diferente hoje. Ele está mais caro, certo?
O celular da moda, o videogame preferido, a tão sonhada roupa de marca, quase tudo que você quer comprar custa mais hoje do que um, dois, cinco anos atrás. A escalada dos preços leva o nome de inflação.
Se você tem menos de 35-40 anos, não vai se lembrar tão bem dos Anos 80 e 90 aqui no Brasil, quando vivemos períodos avassaladores de hiperinflação. Para ter uma ideia, nos 15 anos anteriores ao Plano Real, a inflação acumulada corrigida ultrapassou a marca de 13 trilhões por cento. Isso mesmo, um número assim: 13.000.000.000.000%.
Com a chegada da moeda que usamos até hoje, o Real, a inflação passou a ser de cerca 200% nos 15 anos posteriores e é de pouco mais de 500% de 1994 até hoje. Ah, no passado tivemos moedas diferentes em períodos curtos de tempo, mas hoje já temos 25 anos com o Real.
Se os tempos são mais estáveis e favoráveis, isso não muda o fato de que os preços variam com o passar dos meses e anos, o que significa que a inflação continua existindo e mexendo com a definição de preços, taxas e condições comerciais.
Na prática, existe uma realidade matemática simples: nada pode custar a mesma coisa com o passar do tempo porque existem variáveis como a inflação e a percepção de risco que mudam e influenciam os preços. O parcelamento pode se transformar facilmente em um perigo real para seu bolso.
Juro zero não existe: negocie o valor à vista
O que você precisa entender bem e aceitar é que quando alguém oferece um produto para pagamento em parcelas “iguais”, o preço total já embute uma margem para cobrir o risco de alguma coisa mudar na economia e dentro da própria empresa ao longo do tempo.
Para o caso de pagamento com cartão de crédito, a empresa recebe o valor total dentro de pouco tempo e o risco passa a ser da instituição financeira. Ela paga uma taxa por isso, é claro, o que abre um espaço para negociação à vista.
Assim, quando você se deparar com uma situação em que o preço parcelado é o “mesmo” do valor à vista, saiba que existe espaço saudável (sem apelação) para negociar um desconto para pagamento no ato, de uma vez só.
O legal disso é que se você conseguir juntar dinheiro para negociar suas compras à vista, vai resolver duas coisas de uma vez: pagar mais barato e criar um bom hábito para a realização de objetivos de vida.
Juro zero não existe: entenda o que é CET
Toda operação financeira que envolve o pagamento no tempo possui juros, encargos e outras coisas embutidas que nem sempre conseguimos enxergar ou compreender no ato da compra.
O Custo Efetivo Total, ou CET, é uma forma padronizada de mostrar quanto realmente custará determinada compra envolvendo empréstimos ou financiamentos. Todas as empresas são obrigadas a informar o CET na assinatura de um contrato.
No CET estão inclusos juros, taxas, encargos, tributos e seguros. Por isso, nem sempre o empréstimo com juros menores é o mais barato ou mais vantajoso. A análise precisa ser do CET e ele deve ser comparado entre as empresas.
Atenção, portanto, às letras miúdas das ofertas, propagandas e contratos. Todo pagamento parcelado exige que o consumidor saiba qual será o CET da operação. Não raro, parcelas iguais ou o famoso juro zero acabam se transformando em um CET de 3% ao ano, por exemplo.
Nas compras do dia a dia pode ser que isso não faça tanto sentido, mas se você pensa em comprar um carro ou dar entrada para financiar um imóvel, é essencial compreender e analisar a CET em diferentes instituições.
Conclusão
Agora você já compreende que não faz sentido um produto ter seu preço mantido ao longo do tempo, muito embora isso pareça possível e desejável. Mesmo em economias mais desenvolvidas, a inflação existe e tem um papel importante na variação de preços.
A realidade, portanto, é simples: quando você paga à vista precisa ser mais interessante que o valor parcelado. Além disso, não acredite em juro zero. Prefira negociar desconto para pagar menos sem contar com o parcelamento.
Para o seu bolso, o ideal é sempre pagar o preço justo e mais adequado para você, mas isso pode ser perigoso se você pensar apenas no tamanho da parcela. Considere o CET e, sempre que possível, negocie o melhor preço possível para pagar à vista.
(Fonte: Dinheirama)
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