Se você tem mais dificuldades em seguir uma dieta saudável do que outras pessoas, o problema pode ser mais profundo do que você acredita. Um estudo publicado no Journal of Neuroscience revelou que diferenças em como o cérebro é estruturado pode afetar a habilidade de seguir uma alimentação saudável e menos calórica.
Pesquisadores da universidade francesa Sorbonne e da americana California Institute of Technology descobriram que pessoas com mais massa cinzenta em duas regiões no córtex pré-frontal do cérebro tendem a ter mais autocontrole na hora de escolher alimentos saudáveis.
A massa cinzenta contém o corpo celular do neurônio e é uma camada do cérebro responsável pelo processamento e raciocínio das informações recebidas. Agora, cientistas acreditam que a matéria cinzenta pode ser uma potencial indicador do “autocontrole” de uma pessoa. Ela pode mostrar, por exemplo, a tendência de uma pessoa seguir ou desistir de uma dieta.
Seguindo este raciocínio, quando maiores forem as duas áreas frontais do cérebro, maior a possibilidade de escolher alimentos saudáveis. Por outro lado, quanto menores forem, mais provável seria a escolha de alimentos calóricos.
A pesquisa é importante porque, até então, se acreditava que a redução do peso por dieta era só sobre controle e dedicação, independente da pessoa.
Isso não quer dizer, no entanto, que não é possível reverter a situação. “O cérebro é extremamente plástica, então sua estrutura cerebral pode mudar com o tempo”, disse a pesquisadora Hilke Plassmann. “Eu não quero que as pessoas se sabotem com o pensamento ‘eu apenas não sou bom em me controlar, eu não posso mudar isso'”, disse ao Live Science.
Diversos estudos mostram que há diversas maneiras de colocar a nossa massa cinzenta para trabalhar, com exercícios para a mente, como leitura, jogos de raciocínio e até exercícios físicos regulares.
Em 2011, o Journal of Alzheimer’s Disease publicou um estudo que revelou a relação do gasto calórico como marcador de atividade física com a medida preditiva de volume da massa cinzenta em idosos com função cognitiva normal e comprometida. Segundo pesquisadores, exercícios podem ter função neuroprotetora, reduzindo o risco de declínio cognitivo e de doença de Alzheimer.
A metodologia
O estudo foi feito em duas etapas. Na primeira parte, foram analisados dados de experimentos anteriores que reuniram informações sobre a quantidade de matéria cinzenta no cérebro. Estes experimentos contaram com 91 participantes, todos eram magros e nenhum seguia uma dieta.
Em uma máquina de ressonância magnéticas, estes participantes tinham que “considerar quanto um alimento é saudável, o seu sabor e tomar uma decisão “naturalmente” sobre ele.
Depois de verem as instruções por alguns segundos, eles receberam imagens de diversos alimentos, do iogurte ao biscoito, e eles tinham que avaliá-los em uma escala do quanto eles lhes apeteciam.
Para tentar diminuir as chances de possíveis mentiras, os pesquisadores avisaram aos participantes que eles receberiam tais comidas após o experimento — o que, de fato, receberiam. Os pesquisadores também monitoraram o autocontrole dos pacientes ao notarem os graus entre considerar o alimento saudável e querer comê-lo.
Os exames dos cérebros revelaram que pessoas com mais massa cinzenta nestas duas áreas do córtex pré-frontal mostraram maior autocontrole do que os demais.
Na segunda parte do estudo, os pesquisadores recrutaram um novo grupo de pessoas para verificar se as descobertas se manteriam iguais com pessoas que tivessem mais liberdade em escolher e controlar seu comportamento em uma dieta.
Estes novos participantes foram colocados na mesma máquina de ressonância, mas desta vez, foram dadas novas instruções: imagens de comida apareceriam para eles e eles tinham que dizer quanto pagariam para comê-las. Assim como no teste anterior, mais massa cinzenta na parte frontal indicava mais autocontrole.
(Fonte: Huff Post)
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