Em tempos de inflação em alta, ir ao mercado pode parecer um cabo de guerra constante entre os preços e o seu bolso. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha mostra que 85% dos brasileiros reduziram o consumo de algum item de alimentação desde o início do ano.
Então como manter a casa fazendo render o que você tem de dinheiro para passar o mês?
Ainda vale não comprar com fome e deixar crianças em casa?
Para a especialista em educação financeira Rosielle Pegado, aquela orientação antiga de que você não deve ir ao mercado com fome continua valendo, mas a história de “não leve as crianças” pode ser alterada para algo mais educativo.
“O melhor a fazer é conversar com seu filho antes de sair de casa. Se ele tem quatro anos, por exemplo, você não vai falar do aumento da inflação, pois ele não vai entender, claro. Use exemplo da sua rotina. Diga a ele que vocês vão ao supermercado e vão comprar ‘tais’ produtos, e que ele tem direito a escolher apenas um por um valor máximo. Diga que esse é o acordo, caso contrário ele não irá”, orienta.
Veja abaixo outras orientações de especialistas.
O que comprar?
Muita gente costuma fazer estoque de produtos para que eles não acabem. A conta “não vai fechar”, segundo as entidades ouvidas pelo UOL.
“Estocar muitos itens, que não serão consumidos tão rapidamente, pode ser um investimento desnecessário, fazendo com que falte dinheiro no final do mês. O ideal é organizar um cardápio semanal, verificando sempre o que já há na despensa, no freezer e na geladeira, de modo a otimizar os ingredientes e não desperdiçar nada”, orienta Marina Rinaldi, especialista da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).
Outra dica é comprar alimentos da estação, que geralmente são mais baratos e frescos, e aproveitar os dias de promoção nos mercados, geralmente às quartas e quintas.
Veja as prateleiras de cima e de baixo
Por consequência, o ideal é que você deixe de comprar, ao menos por enquanto, produtos que não são essenciais ou são considerados “supérfluos” — claro que é necessário observar o ambiente familiar para isso.
A Proteste lembra que o supermercado é um estabelecimento pensado para que você gaste dinheiro.
“Lembre que os produtos posicionados na altura dos olhos estão estrategicamente ali, com base na estatura média de homens e mulheres de uma determinada região. Não é de se espantar encontrar os produtos mais caros nessa posição”, afirma Rinaldi.
A orientação, portanto, é “expandir” o horizonte, e ver os produtos que ficam acima ou abaixo da linha dos mais caros.
Como saber se o preço está muito alto?
Rinaldi considera que “a chave de tudo” é a pesquisa. Só assim é possível ter uma ideia dos preços em vários locais e avaliar aquele que é melhor para o consumidor.
A própria entidade fez uma pesquisa recente em vários mercados, com os preços de uma cesta de itens.
“Em São Paulo, onde identificamos a maior diferença entre os preços de uma mesma cesta, a variação entre o preço mais caro e o mais barato chegou a R$ 511,35. Considerando isso uma compra mensal, a economia chegaria a R$ 6.136,20 no ano”, diz.
O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) também tem um levantamento mensal com os preços dos produtos da cesta básica. A média é nacional, mas pode ser um ponto de partida para sua análise. O levantamento fica disponível no site do órgão.
Evite fazer compras aos finais de semana e vésperas de feriado, já que fluxo nos supermercados aumenta muito e, consequentemente, os preços também tendem a ser mais altos.
A denúncia de preços abusivos pode ser feita a todo momento. Em todo o estado de São Paulo, a Fundação Procon oferece um espaço para denúncias. Elas também podem ser feitas na unidade do seu município.
Como comparar os preços de produtos?
Hoje, com os aplicativos de compras, tudo se tornou mais fácil. É possível fazer uma busca no Google pelo produto desejado e ver preços em diferentes lojas.
Se você tem os aplicativos específicos dos mercados, também pode consultar o preço por eles. Alguns oferecem até descontos para quem tem cadastro, o que é citado pela Proteste como uma “dica de ouro” na hora de fazer compras.
A entidade também realiza pesquisas de preços com o objetivo de indicar aos consumidores os supermercados mais baratos em diferentes cidades e estados do Brasil.
O Procon de Campinas, no interior de São Paulo, criou uma planilha para ajudar a organizar as contas da casa, disponível para todos, mesmo quem não mora na cidade.
Outras dicas para você ir ao mercado
1. Faça uma lista do que realmente precisa
Parece óbvio, mas muita gente deixa isso de lado e acaba comprando algo que acha que precisa, mas, quando chega em casa, percebe que não era bem isso. “A lista ajuda você a focar, ainda mais quando seu orçamento está apertado”, afirma Pegado. É importante também predeterminar um orçamento para cada ida ao mercado, e ser fiel a ele.
2. Guarde os preços da compra anterior para comparar
Se você é daqueles que guarda as notas fiscais das compras anteriores, isso pode ficar até mais fácil. Sempre compare o preço do produto que você leva com o quanto você pagou na compra anterior. Você pode guardar o preço tirando uma foto da nota fiscal ou mandando mensagens de texto no WhatsApp.
3. Ignore a marca, foque no produto
Ainda que a cultura da marca esteja presente na nossa vida desde sempre, o ideal é tentar deixar isso de lado. Às vezes, a marca de um produto que você compra é a mais cara. Em um momento tão delicado, pode ser necessário abrir mão parcialmente da qualidade para manter o bolso inteiro. Em algumas oportunidades, a busca por outras marcas pode se revelar uma boa surpresa: há produtos tão bons quanto os de marca, por preços menores. Ouça opiniões de amigos, familiares e até de clientes que estejam no mercado.
4. Cuidado com os cartões de crédito das lojas
Muitos supermercados oferecem cartões de crédito “com condições facilitadas” para o pagamento das faturas. Mas tenha cuidado ao tomar dívidas para pagar itens básicos, como comida e produtos de higiene. Prefira comprar menos para não ter que lidar com uma bola de neve depois.
5. Compre com amigos ou família em ‘atacarejos’
Os “atacarejos”, que são estabelecimentos que vendem em grandes quantidades para consumidores comuns, podem ser uma boa saída. Em geral, a compra de produtos em uma quantidade maior garante desconto por unidade. Dependendo do tamanho da sua família ou do seu círculo de amizades, fazer essa compra em conjunto pode garantir uma redução na conta individual. Ainda que o valor no caixa assuste, a divisão acaba tornando o negócio mais viável.
(Fonte: Economia UOL)
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