O assunto não é novo, mas continua recorrente na pauta e também na preocupação da maioria de nós, brasileiros: como lidar e administrar os gastos financeiros de forma saudável?
Uma pesquisa recente realizada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e Banco Central do Brasil mostrou que 53,5% dos entrevistados declararam que os compromissos financeiros reduziram de alguma forma seu padrão de vida atual. Outro dado relevante foi o de que 58,4% afirmaram que as finanças são motivo de stress e que, de alguma maneira, isso se reflete na sua vida familiar. E apenas 34,1% se sentem capazes de reconhecer um bom investimento financeiro.
A situação realmente assusta e mostra como ainda não sabemos ou temos dificuldade em administrar nosso dinheiro. E, claro, se as finanças não vão bem, consequentemente, outros setores da vida pessoal podem ser afetados, trazendo problemas para toda a família ou até mesmo estagnação profissional por falta de dinheiro para cursos ou apoiar uma eventual mudança de área.
Para tentar minimizar os impactos trazidos pela falta de conhecimento no gerenciamento das finanças, e pensando na saúde do bolso das próximas gerações, algumas escolas têm investido e incorporado o ensino de práticas financeiras em sua grade de aprendizagem para alunos desde muito cedo. Mesmo não existindo instrução formal relacionada à economia e finanças no currículo escolar regular do ensino fundamental e médio, devido à natureza onipresente das relações financeiras em nossas vidas, compreender os conceitos básicos de economia e finanças é fundamental para uma vida equilibrada e próspera.
Nas escolas públicas, o governo federal expandiu o programa Aprender Valor neste ano, e espera oferecer a 22 milhões de estudantes do ensino fundamental formação em educação financeira para que possam ajudar na melhoria do planejamento de suas famílias.
Na rede particular de ensino, as iniciativas também têm sido presentes e tratadas com atenção. Em certas escolas, a presença de temas como “orçamento, impacto dos juros, impostos, crédito e dívida, preservação e crescimento da riqueza” já estão sendo apresentadas para estudantes de dez anos de idade. Além disso, literaturas sobre investimentos, normalmente lida por adultos, estão sendo inseridas no dia a dia das crianças.
Esses conteúdos também atendem outros anseios dessa geração de estudantes cada vez mais conectados e atentos ao mundo atual. Muitos deles não buscam apenas aprender a administrar sua própria vida financeira, mas buscam conhecimento específico com o interesse em investir em empresas e fundar startups.
Em um mundo em constante mudança e atualização, as instituições de ensino precisam estar atentas e preparadas para acompanhar as necessidades da sociedade.
A educação financeira, assim como o ensino obrigatório das hard skills, como português e matemática, tem sua importância cada vez mais reconhecida e contribuirá positivamente para a formação de jovens mais conscientes e preparados para lidar com seu próprio dinheiro e de suas famílias.
Uma prova disso é que, na rede de escolas onde trabalho, assim que lançamos a opção do curso de educação financeira, com o objetivo de ensinar aos alunos do ensino fundamental e médio os conceitos básicos de literatura financeira e finanças pessoais, a sala se encheu rapidamente – mesmo para alunos de 11 a 14 anos. E um detalhe: a língua de ensino do curso é o inglês. Embora o foco principal não seja linguístico, há um valor significativo a ser obtido em termos de aquisição da língua, pois o debate entre os alunos neste idioma estimula o pensamento crítico e o aumento do repertório linguístico.
No fim, toda uma sociedade ganha. Com conhecimento e aprendizado, o futuro cidadão conseguirá evitar as dívidas pessoais, aumentar seu poder de compra, impulsionando o crescimento do comércio e consequentemente, da economia do nosso país. Mas a ação precisa começar já.
(Fonte: Hoje em Dia)